segunda-feira, 22 de junho de 2015

Coluna do Pr. Ciro Sanches para a CPAD: O desafio de pregar o Evangelho na pós-modernidade

Quando o Senhor Jesus andou na terra, há dois milênios, apresentou-se como o único Salvador: “Eu sou a porta” (Jo 10.9); “Eu sou o caminho” (14.6); “Eu sou o Bom Pastor” (10.11); “Eu sou o pão da vida” (6.35), etc. Ele não disse que é uma das portas, um dos caminhos, etc. Ele declarou — claramente — que é a porta, o caminho, para a salvação. Em outras palavras, com todo respeito aos muçulmanos, budistas, espíritas, ateus, agnósticos, etc., não existe outro Mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2.5) nem outro Advogado junto ao Deus Pai (1 Jo 2.1,2).





Nesses tempos pós-modernos, alguns cristãos, envolvidos pela “coerente” e “justa” filosofia relativista e multiculturalista de Foucault e Nietzsche, têm afirmado que o amor é mais importante que a verdade, a qual é relativa. É triste ver, no evangelicalismo, formadores de opinião (!) defendendo a filosofia pós-moderna — e anticristã — de Nietzsche, em detrimento do que ensinou o Senhor Jesus. Sabem eles, de fato, quem foi Nietzsche? Para se ter uma ideia do que defendia esse filósofo, na apresentação de uma das edições do livro O Anticristo, feita por Gabriel F. Rodrigues, está escrito: "O Anticristo é uma declaração de ódio contundente, ódio contra o cristianismo, contra seus valores e ideais" (NIETZSCHE, Friedrich. O Anticristo. São Paulo: Martin Claret, 2012, p. 7).
Em O Anticristo, Nietzsche declara: "No cristianismo, nem a moral e tampouco a religião têm qualquer ponto de contato com a realidade. Ele oferece apenas causas imaginárias ('Deus', 'alma', 'eu', 'espírito', 'vontade livre' — ou mesmo 'não livre') e efeitos puramente imaginários ('pecado', 'salvação', 'graça', 'castigo', 'remissão de pecados'). [...] O conceito cristão de Deus — Deus como o Deus dos doentes, Deus como um tecelão de teias de aranha, Deus como espírito — é um dos mais corruptos conceitos que jamais foi estabelecido na Terra: e talvez represente o nível mais baixo na evolução do tipo divino" (idem, pp. 37,41).
Infelizmente, abraçando também — conscientemente ou não — o universalismo, alguns cristãos (cristãos?) absorvidos pela pós-modernidade pregam que, em razão de Deus ter uma aliança de amor com toda a humanidade, o verdadeiro cristianismo deve ser inclusivo e destituído de regras inflexíveis e de moralidade. E daí decorre o argumento de que as igrejas ou comunidades evangélicas devem demonstrar o seu amor aos adeptos de outras religiões, ateus e agnósticos mantendo comunhão com eles, sem nenhuma restrição.
A minha resposta ao “belo ideal” dos cristãos absorvidos pelo sistema filosófico pós-moderno — e, portanto, conformados com o mundo (Rm 12.1,2) — soa sempre como como um discurso duro e fundamentalista (cf. Jo 6.60-69), haja vista, segundo a Palavra de Deus, não existir aliança de amor divorciada da verdade. Jesus Cristo mesmo afirmou — leia com atenção — o seguinte: “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. [...] Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama; [...] Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, [...] Quem não me ama não guarda as minhas palavras” (Jo 14.15-24). E, ainda: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; [...] Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando” (Jo 15.10-14).
Ninguém é obrigado a concordar com o discurso “intolerante” e “preconceituoso” do Senhor Jesus e seus “fanáticos” seguidores, mas para os cristãos que se prezam em nenhum outro nome há salvação (At 4.12). E reconheço: manter essa convicção nesses tempos pós-modernos é um grande desafio. Nessa era pós-cristã, serão conhecidos os verdadeiros servos do Senhor, que não abrem mão do Evangelho em prol de uma convivência pacífica. Serão conhecidos aqueles que têm a ousadia de contrariar Nietzsche, Foucault, Darwin, Marx, etc. e dizer ao mundo — mesmo que pareçam intolerantes e desamorosos — que o Senhor Jesus Cristo é o único Salvador, o único Senhor, o único Mediador.
Ciro Sanches Zibordi

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